Love me- Capitulo 6.

terça-feira, 2 de julho de 2019

Taylor

Antes de ter que me encontrar com Jake para fazer nosso trabalho hoje, admito que o evitei o máximo que pude.

Durante a aula, sabia que tentaria sentar ao meu lado ou perto, então antes que chegasse sentei atrás de sua prima avisando para que não fizesse comentário de onde estava e me escondi quando ele apareceu. Nina ficou curiosa, mas não disse nada. Nenhuma vez ele perguntou por mim e minhas testas se franziram. Não olhou para trás.

Na saída, fui a ultima a ir embora, fazendo questão de me certificar que ele não estava no corredor. Tinha a sensação de ser uma boba por estar fazendo isso, Jake nunca havia me feito nada para que eu o evitasse dessa forma. Minha atração por ele me envergonhava e simplesmente não queria agir sobre isso. Já estava em meu dormitório quando meu celular apitou indicando uma nova mensagem:

Jake:

Você está fugindo de mim, Taylor? Eu te vi na aula escondida e em seguida se esgueirando pelo corredor. Foi divertido e te darei um crédito, você está obviamente tentando muito.

Ele havia me flagrado. Digitei furiosamente a resposta.

Não está acostumado a ver mulheres fugindo de você?

Não houve mais respostas dele, até mesmo me peguei esperando. Odiei quando percebi que estava checando meu celular para ver se tinha mensagem nova.

Jake era tão irritante, quase podia imagina-lo rindo de mim em seu dormitório.

Ele não demonstrava nenhum interesse em mim, era pelo menos o que parecia, e hoje mesmo o vi no pátio conversando com outra garota. Isso me deixou completamente enojada pelo flerte evidente.

Fazer esse trabalho com ele iria ser tranquilo.

Não pretendo ser acrescentada a lista de garotas que ele dispensou logo após depois da ficada. Aquela que fazia a caminhada da vergonha com sensação de ter sido usada. Nunca iria me colocar no lugar de ser um caso de uma noite só. Havia mulheres que não se importavam e era sexualmente muito bem resolvidas, mas eu me ligava muito a pessoa para conseguir ser assim.

Determinação surgiu em todo o meu corpo e minha mente saiu da nuvem que ela estava entrando. Só esperava que permanecesse assim.

Demi saiu com Nick enquanto segui fazendo faxina em nosso quarto para que Jake não achasse que éramos bagunceiras. Eu não era, mas Demi por outro lado. Como amava arrumar, nem me importava.

Com meia hora de atraso, entrou escondido no dormitório pelo acesso secreto que falei a ele. Todas as garotas sabiam deste segredo da porta de incêndio servir para deixar homens entrarem, as que namoravam eram as que mais utilizavam. Jake estava vestido com uma calça preta confortável, uma blusa preta com um formato de V e botas militares, seu cabelo estava molhado e bagunçado, o que dizia que ele tinha tomado banho há pouco tempo. Sorriu pra mim assim que me viu.

Tão lindo que me irritou.

-Pode entrar- Falei rudemente a ele. –Não vai querer ser pego no corredor.

-Sabe, essa sua forma doce comigo é o que me mantém puxando para você- Seu sorriso arrogante apareceu novamente.

Rolei os meus olhos.

-Nunca te disseram que é falta de educação revirar os olhos para alguém?- Perguntou divertido, enquanto se movia pelo meu quarto até sentar em minha cama.

-Não costumo fazer isso com muitas pessoas.

-Sou um privilegiado, então?- A ironia em seu tom.

-Se pode se considerar assim, com certeza!- Respondi sarcasticamente.

-Sempre soube que era especial em sua vida- Apontou arqueando uma sobrancelha. –Trago a superfície suas melhores emoções.

Pisquei pra ele. -Estou te salvando do egocentrismo.

Fui pega de surpresa quando riu. –Gosto do seu humor.  

-Talvez devesse sair com garotas que dizem mais o que pensam e puxam menos o seu saco.

-Está se candidatando?

-De forma alguma.

Confortavelmente, se recostou na cama fechando os olhos.

-O professor especificou exatamente como era o trabalho? Devíamos começar a fazer agora mesmo- Falei impaciente, batendo o meu pé em sua bota. Ele levantou a cabeça e me olhou com seus olhos escuros.

-Sim, ele mandou um email com instruções.

Sentei ao chão e peguei os meus livros em minha mochila, os espalhando ao meu redor. Jake levantou da cama e sentou ao meu lado. Estávamos tão perto que os nossos ombros se escovavam com o mais breve dos movimentos.

Um suspiro escapou de mim e ele percebeu, pude ver um sorriso preguiçoso se espalhar pelo seu rosto. Ele amava me ver desconfortável.

Durante nossos estudos, fiquei surpresa com o quanto ele era inteligente. Não que pensasse que era ignorante nem nada, mas ele simplesmente parecia saber a resposta de tudo. Exatamente assim como eu.

Isso nos fez brigar porque éramos teimosos e ambos achávamos saber melhor na hora de decidir o que deveria ser feito no trabalho.

Jake também era engraçado, outro ponto que não tinha percebido muito. Nesse tempo perto dele, eu havia rido bastante.

Depois que concluímos o trabalho, ambos estávamos com fome. Não havia cozinha no dormitório e a cantina estava fechada há essa hora.

-Posso preparar algo simples para a gente agora, ou podemos só sair para comer algo realmente substancial e bom na rua. O que prefere?

-Estou morrendo de vontade de comer um hambúrguer e batata-frita- Jake disse se levantando. Podia ver que ele estava tentando amenizar meu desconforto. Estava me sentindo rude por não ter pensado em preparar algo para comermos. 

-Então vamos conseguir o hambúrguer e fritas- Anunciei.

Chegamos a uma lanchonete e pedimos dois cheeseburger, batatas-fritas e duas Cocas para acompanhar. Não se passaram segundos antes dele começar a falar.

-Seu sotaque, de onde ele é?- Jake perguntou entra uma mordida e outra do seu cheeseburguer.

Engoli um pouco da minha Coca. –Da Inglaterra, me mudei para cá tem dois anos apenas.

-Você está longe de casa.

-Assim como você. Por que resolveu mudar de volta?

-É uma longa história.

-Olha que interessante- dobrei minhas mãos sobre a mesa -tenho bastante tempo sobrando.

Apesar do sorriso que me deu, seus olhos escureceram um pouco. Uma mudança nítida que não pude deixar de notar.

-Sabe que tenho descendência brasileira, a minha mãe é de lá e meu pai é americano, não é?- me perguntou e assenti, esperando que continuasse, o que fez em seguida -Enquanto eram casados, eles viveram aqui, mas quando se separaram mamãe achou melhor voltar para seu país de origem. Ela sentia falta de sua família, da familiaridade do país que cresceu. Resolvi ir com ela quando isso aconteceu por que sempre fui mais próximo dela. Meus irmãos decidiram ficar aqui. Por um tempo foi bom, mas também senti falta deles. Um dia minha irmã me ligou por vídeo chamada e mal pude reconhecê-la, não tinha notado o quanto havia mudado, envelhecido. Foi neste momento que notei que deveria voltar e tomar conta dela. Dos dois.

-Sei que ficar separado dos seus irmãos e pai deve ter sido difícil, mas fiquei feliz de ouvir que foi com sua mãe, assim ela tinha ao menos um dos filhos com ela.

-Pensei o mesmo na época, ela estava triste pelos filhos que ficaram para trás, mas ao menos tinha a mim. Agora ela está melhor, senti que poderia ir embora e que ela ficaria bem.

-Seu pai não ficou chateado por você ter ido?

-Acho que ficou mais chateado com o fato de eu ter voltado- Deu uma risada seca, que me fez identificar que era um tema sensível para ele. Sendo assim, não fiz comentário algum sobre. -Agora vamos falar sobre você. O que te fez se mudar da Inglaterra para cá?

Dei de ombros e olhei para a minha latinha de Coca- Cola.

-Só queria sair da minha zona de conforto, comentei isso com minha irmã e ela sugeriu este lugar. E foi apenas isso. Nenhuma história surpreendente.

-Duvido que não tenha sido. Os seus pais gostaram dessa decisão?

-Nem um pouco. Papai surtou, imaginou suas duas filhas longe de sua proteção e mamãe ficou ainda mais preocupada, porque não poderia mais me ver. A mãe de Demi foi a pior, ela chorou por dias dizendo que estávamos a matando de tristeza- Ri lembrando. Demi e a mãe eram tão parecidas.

-A mãe de Demi? Vocês não tem a mesma mãe?- E ele fez a pergunta que todos ao menos uma vez me faziam.

-Não, meus pais se separaram cedo e meu pai conseguiu minha guarda. Pouco tempo depois se apaixonou pela mãe da Demi, se casaram e é isto, consegui uma irmã e uma outra mãe.

-Você sempre sorri falando da sua família, acho isso lindo- Apontou, me surpreendendo ao se inclinar e tocar na curva do meu lábio que estava curvado com o sorriso.

Senti meu rosto pegar fogo e tentei disfarçar o quanto ele me desconcertava.

-Eu os amo demais, são literalmente tudo para mim.

Embarcamos então em uma conversa leve e agitada, Jake me fez mais perguntas e eu fiz a mesma coisa a ele. Foi bom escutar sobre suas histórias do tempo que morou no Brasil, e logo em seguida como foi voltar a América do Norte, e ter que se readaptar.

-Qual o nome dos seus irmãos?- Perguntei curiosa.

-Kelsey e Seth- Ele soou tão orgulhoso. Quase como um pai e não irmão.

Sentada ali ao seu lado, comendo um lanche barato e escutando o som da minha voz e a dele e em seguida nossas risadas misturadas, descobri o lado de Jake que me recusei a perceber. Ele era doce, divertido e era bom conversar com ele. Dava para perceber o motivo de todas as garotas estarem sempre atrás dele.

E quando tentei disfarçar que estava encarando seu rosto enquanto ele falava sobre seus irmãos sem realmente prestar atenção no que falava. Quando olhou para mim, diretamente em meus olhos, senti um frio invadir meu estômago. Não era uma sensação que senti antes.

Era algo novo.

Aterrorizante.

Ainda sim, não pude deixar de sorrir.

Continua

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