Love me- Capitulo 3.

terça-feira, 2 de julho de 2019

DEMI


Lá estava eu novamente, com o braço enfaixado lembrando a mim mesma que não poderia usa-lo corretamente até que sarasse. Durante duas semanas iria utilizar esse gesso estupido mesmo que fizesse bastante calor e que o suor fizesse meu braço pinicar. Suave.

Ver o rosto do John machucado pelo campus fez com certeza a dor melhorar. Não sou uma pessoa violenta, nunca gostava que alguém me visse dessa forma, e não, não achava que tudo se resolvia a base da patifaria. Mas com certeza não deixaria que machucasse minha irmã, seja fisicamente ou de modo sentimental como se não fosse haver consequências.  

Após Taylor informar a nossos pais sobre meu ferimento, eles estavam superprotetores em sua melhor forma que podiam com os milhares de quilômetros longe de mim. Isso significava que eu havia passado o dia atendendo telefonemas deles.

Por falar em instinto protetor...

-Nick, eu tenho duas mãos e uma mochila, mesmo com uma indisponível de sua total disposição, ainda consigo carregar os meus livros sozinha com a outra- Tentei dizer a ele quando retirou todos os meus pertences de meu poder.

-Vamos, você me conhece melhor que isso. Não seria eu mesmo se te deixasse carregar todas essas coisas.

-Só queria dizer que você está me mimando- Fiz bico e ele deu risada.

-Tarde demais para isso, você já é mimada.

Dei língua para ele. -Está reforçando o comportamento então. 

-Apenas aceite a minha ajuda, sua encrenqueira. 

Assim que entramos na sala, não pude deixar de notar toda a atenção feminina que Nick recebia de nossas colegas. Fiquei em estado de choque e boquiaberta –sem exagero, quando uma das meninas piscou descaradamente para ele. Nick sendo tímido como era, passou a mão pelo cabelo cacheado parecendo desconfortável. Esse gesto, eu amava quando ele fazia isso assim como adorava seu cabelo. Não é mentira quando diversas vezes quis dizer a ele que poderia passar horas os alisando com meus dedos. Uma vez ele riu e disse que se sentia um cachorro. Mas nunca reclamou, no fundo acho que gosta dos meus carinhos.

-Olha só quem está atraindo atenção feminina- Falei gargalhando.

-Esqueça isso- Ele falou para mim de forma sombria.   

-Você dispensa tantas meninas que se pudesse me deixar dizer, diria que parece estar interessado em alguma em especial.

Nick e eu nos conhecíamos há anos, e durante todo esse tempo, nunca o vi interessado em uma garota de modo intenso. Era quase como se algo o prendesse.

Para minha surpresa, o olhar de Nick ficou obscuro. Pareceu cabisbaixo. –Mentira! Não vai me dizer que realmente gosta de alguém.

-Seria uma pena dizer que ela não quer nada comigo, não é mesmo?

Vê-lo assim doía quase tanto quanto era doloroso imagina-lo com uma garota. O costume de tê-lo só para mim me deixava egoísta. Como ficaria sem Nick? Como seria não ser a garota mais importante para ele? Outch!

-Você é incrível, Nick, e se ela não percebe isso azar o dela.

Queria apagar essa dor em seus olhos.

-Ela parece saber disso, mas não é o bastante.

-Você deve gostar realmente dela.

Peguei a sua mão.

-Está tudo bem, Demi. Já me conformei.

-Bem, se ela não percebeu ainda, então a faça perceber.

-Se fosse para ser, teria acontecido.

Ele trocou de assunto sabiamente após isso, mas a minha mente voltou a girar sobre a garota misteriosa.

-Então, seu irmão voltou, não é mesmo?- O homem bonito também era um tema que aparecia constantemente em meus pensamentos.

-Sim, talvez haja um azar em cima de mim. Tudo o que ele faz é resmungar, parece um idoso- Nick sibiliou. –Estou quase me mudando para o dormitório e deixando a casa inteira pra ele.

-Até parece que iria conseguir viver no campus sendo que tudo por aqui é compartilhado, até mesmo o banheiro. Se é pesadelo para mim, só pense como seria para você.

Nick era metódico e completamente organizado, gostava que tudo estivesse em ordem. Não conseguia nem imagina-lo morando no mesmo local com bagunceiros. Como eu.

-Já te chamei milhares de vezes para se mudar para minha casa. Lá é imenso e tem mais quatro quartos sobrando- Cutucou minha testa com o dedo.

-Sim, meus pais iriam amar me ver indo morar com dois rapazes. Iria ficar tão emocionada que viria até aqui me parabenizar- Bufei.

-Eu poderia convencê-la- Nick fez uma voz charmosa que o deixava mais fofo do que sexy, e naquele instante, acreditei que conseguiria.


-Meu herói- Suspirei, fazendo uma voz irritante de alguém apaixonada.

Depois de duas horas em uma aula entediante com um professor que dizia sentenças em uma velocidade duas vezes mais lenta do que um orador normalmente diria. Quando ele anunciou o fim da aula, senti meu corpo praticamente relaxar em alivio.

-Estou arrependida de ter colocado essa matéria na grade- Gemi por dentro ao pensar que teria essa aula todas as semanas por meses.  

-Só queria esganar todas as pessoas que uma vez disseram que a faculdade era o melhor momento de nossas vidas.

-Que vida? A faculdade suga todo nosso lado social e depois nos cobra exatamente isso.

-Uma versão ruim do ensino médio.

-Eu sinto que preciso de sorvete- Falei sozinha e Nick assenti.

-Bem, tem uma sorveteria no final da rua- Nick falou alto, ecoando os meus desejos. –Eles servem porções extras.

Dei um beijo em sua bochecha. –Você me conhece tão bem!

Nick jogou seus braços em meus ombros e enlacei nossos dedos. Era uma sensação boa.

Saindo do prédio da faculdade, encontrei Taylor pensativa escrevendo em seu caderno.

Isso definitivamente significava que algo havia acontecido. Fosse ruim ou bom.

Ela olhou para cima e sorriu ao nos ver caminhando até ela.

 -Pela cara de vocês, irão tomar sorvete- Sua voz estava incrédula e divertida ao mesmo tempo.

-Nem vou perguntar como adivinhou- Falei, suspendendo assim uma sobrancelha sugestivamente para Nick. –Na sua casa ou na minha?

-Pergunta difícil, mas na minha.

Taylor riu de nossa interação balançando a cabeça.

-Depois vocês se perguntam porque todos sempre concluem que são namorados.

Sim, ela estava certa.

-Vamos lá, Senhorita Swift. Nos acompanhe nessa viagem rumo a glicose alta!- Gritei, suspendendo meus braços.

Minutos depois, lá estávamos na cozinha luxuosa de Nick com uma porção de comida gordurosa e nada saudável e litros de sorvete, rindo como se não tivéssemos problemas na vida. A sensação de ser jovem.

Era agravável escutar a risada dos dois. Ambos anteriormente magoados agora rindo com todos os seus pulmões.

Taylor fez nossa mistura de sorvetes com refrigerante, o que fez Nick enrugar o rosto.

-Cara, isso realmente é muito nojento!- Disse quando tentou comer pelo menos uma colherada.

-Realmente uma droga- Não poderia concordar menos.

Essa mistura havia sido um desafio entre Taylor e eu quando mais novas. Não lembro o motivo, mas uma de nós teria que beber se algo acontecesse. E o resultado foi desfavorável para as duas. Essa junção então se tornou uma forma de dissolver apostas, e acabamos no final gostando.

-Não sei como vocês conseguem beber essa droga.

-Sabe que nem nós mesmas sabemos?- Dei risada.

-Vocês são loucas!- Ele murmurou rolando os olhos e bebendo a sua Coca-Cola.

Demos de ombros ao mesmo tempo, rindo em seguida.

 -Bem que eu ouvi risos vindo daqui...- Joseph Jonas entrou na cozinha, vestindo uma blusa de bandas, calça jeans e botas de combate. Seu cabelo preto bagunçado enquanto os seus olhos escuros olhavam todo o local, parando em mim. Eu estava sentada ao lado de Nick na bancada da cozinha, com o meu joelho encostado no dele e Taylor em nossa frente, sentada em uma das cadeiras.
 
Joe olhou incrédulo para nosso armazém de comida. –Vocês estão armazenando para o inverno caso hibernem?

-Só abastecendo nossa dose diária de açúcar.

-Isso aqui é o bastante para dar a alguém um coma por conta da hiperglicemia.

-Ainda bem que estamos distribuindo para três.

Taylor e ele se apresentaram, ela se encolhendo quando ele se referiu ao ex dela e o soco que lhe dei. Conhecendo minha irmã, ela detestava ser lembrada por coisas negativas, como a maioria das pessoas.

 Antes que algo mais pudesse ser dito, Taylor se virou para mim me lembrando que o campus iria fechar pelo horário. Era claro que ela não havia ido com a cara dele, mas ao menos sua desculpa era verdadeira. Pela segurança de todos, tínhamos horários estabelecidos, assim tinha um controle de entrada e saída, principalmente pela madrugada, horário em que muitos alunos queriam aprontar. Como adolescentes cheios de hormônios. Eca.

Nick insistiu em nos levar de carro, e aceitamos a carona porque o ônibus tinha muitas paradas a voltas, o que nos faria chegar atrasadas no campus.

Meu celular tocou, e o peguei curiosa.

Desconhecido aparecia na tela.

-Alô, quem é?- Perguntei quando atendi.

No fundo, havia uma respiração entrecortada, como se a pessoa não acreditasse que eu tinha atendido. Senti a sua hesitação mesmo de longe.

O sangue correu de todo meu corpo quando escutei a voz familiar de meus pesadelos. –Demetria....

E foi quando desliguei.

Meu bom humor se estilhaçou em pedaços pequenos. Taylor notou minha expressão. Sabendo como Nick reagiria, ela seguiu calada por todo o percurso até que ele fosse embora e estivéssemos em nossa quarto no campus sozinhas.

-Ele voltou a ligar, não foi?

Assenti, não querendo falar sobre.

-Temos que falar para nossos pais.

-E dizer o quê exatamente?

-Que ele está te importunando.

Não era como se não tivéssemos tentando isso antes. Meu pai biológico tinha a mania de aparecer e desaparecer durante anos, era sempre dessa forma abrupta. Depois do que tinha feito, não parecia ter coragem o suficiente para realmente ficar. Não que eu quisesse.

-É inútil, ele vai sumir alguma hora novamente.

Olhei pela janela, tentando mostrar que não queria mais conversar sobre isso e para minha surpresa não pensei em meus problemas, acabei voltando ao pensamento de Nick apaixonado por uma garota desconhecida. Como ela seria? Quem ela seria?

Precisava descobrir quem ela era.

Continua...

4 comentários:

  1. Finalmente, bitch-chan! Eu já estava ficando louca. Amei o capítulo.^-^

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  2. Só você mesmo Tali para esperar um novo capitulo e gostar dele. Obrigada! ^~^
    Estou escrevendo, mulher! *--*

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