TAYLOR
Ir
para a faculdade não me soava nem um pouco bem aquela manhã. Além de Demi não
estar bem após a ligação de seu pai e eu não querer deixa-la sozinha, ir para a
aula significava que veria Jake, e não sabia o motivo, mas isso me deixava
nervosa.
Ela
só levantou da cama para tomar banho e comer algo. Isso era atípico dela até em
seus dias mais preguiçosos. Lembrar-se de pai biológico sempre a colocava em
mal estado.
Não
a forcei a ir para a aula, eu sabia que a faria se sentir pior por algum motivo,
então a deixei quieta. Acabei tendo que ir para aula preocupada. Afinal, tinha
aquela maldita parcela de convivência.
Mandei
uma mensagem para Nick.
Demi
não está mal, será que você pode ir lá tentar anima-la?
Seu
telefone havia tocado mais duas vezes naquela noite e tudo o que queria saber
era como ele havia conseguido o número dela.
-Quem
foi que te deixou assim tão irritada?- A voz de Jake me fez pular quando me
pegou de surpresa. Estava tão concentrada em meus pensamentos que não o notei
próximo a mim, por pouco não deixei meu celular cair.
-Como
você consegue ser tão silencioso?
-Não
sou silencioso, é você quem está distraída.
Observando
Jake de perto, era fácil perceber que era bonito e que sabia muito bem disso.
Como um casa nova, a conquista era a
sua maior arma e ele utilizava. Bastante. Seu rosto de bom menino o fazia
bastante popular entre as mulheres.
Ia
responder a ele quando meu celular tocou alertando uma mensagem de Nick.
O que houve? Não
precisa se preocupar, eu já estava em meu caminho para lá.
Lendo
essa mensagem, não pude deixar de sentir um alivio cair pelo meu corpo por
saber que Demi estaria recebendo carinho e atenção para se animar. E não há
nada que Nick não faria por ela. Uma pena que Demi era tão cega sobre o amor
que ele nutria por ela e que ia além da amizade.
Não
tinha certeza de por quanto tempo Nick iria manter seu romance platônico. Mas
eu tinha certeza absoluta de que quando ele desistisse, minha irmã com certeza
sentiria o peso de não tê-lo inteiramente em sua vida como agora.
-Taylor,
você está bem? Está produzindo aqueles sinais de nervosismo- Jake me puxou de
volta para sua conversa.
Arquei
minha sobrancelha confusa. -Sinais de nervosismo?
-Sim,
você sacode as pernas e mexe no cabelo. Uma distração para longe de si mesma.
-Você
está me observando?- Perguntei chocada por ele conhecer as minhas manias.
Quando
sorriu para mim, senti que me desfaleci por dentro. –Só vamos dizer que não dói
te observar, e você fica completamente linda quando está concentrada em algo
deste jeito. Bem, mais do que o normal.
Tentei
disfarçar o quanto mexeu comigo rolando os olhos e fazendo careta. –Você é
doente.
Ele
riu e eu o ignorei.
Em
alguma hora da aula, reparei que Jake se movia muito ao meu lado e parei para
observar o que fazia. Ele estava conversando –se é que isso era possível, com
uma garota morena com o batom vermelho mais chamativo que já havia visto, e
olha, combinava com a cor de sua blusa.
Jura?
Eles não podiam esperar até a aula ser finalizada?
O
professor seguia falando algo sobre coagulação e eu não estava nem ao menos
prestando atenção. Desliguei a mim mesma de Jake e até mesmo da aula,
rabiscando coisas em meu diário.
Adorava
escrever, e pensava que nunca queria perder o modo como me sentia em
determinado momento. Escrever sobre isso me faria recordar depois.
Pulei
quando Jake novamente sussurrou em meu ouvido. –Você escreve poemas?
-Dá
pra parar de me assustar? Olha, tem outras dezenas de garotas que adorariam a
sua atenção, vai dá-las a elas.
-Outras?
Então quer dizer que está inclusa também?- Falou com um sorriso lascivo.
-Só
nos seus sonhos mais selvagens- Bufei.
Minhas
respostas a ele me deixavam surpresas comigo mesma. Nunca havia sido rude desta
forma com ninguém antes. O culpado era Jake.
-Isso
de ler por cima do meu ombro é irritante. Não faça isso novamente- E me
levantei de minha cadeira quando bateu o sino.
Seus
olhos negros continuaram a me observar, eu sabia porque a queimadura ainda
estava ali.
Em
algum ponto, olhei fracamente para trás e ele estava falando com a morena.
Ambos íntimos como se fossem ficantes de décadas, encontrados um no outro. Lembrando
a mim mesma os motivos pelo qual Jake era uma má noticia.
Mesmo
parando para flertar, ele ainda me alcançou quando estava saindo do campus.
-Por
que está tão irritada?
-Não
sei, talvez porque tem um idiota me seguindo.
-Uau,
você realmente me odeia- Ele fechou os olhos pesadamente e mordeu o lábio
inferior como se pensasse em algo.
Ignorei
que ele continuava andando logo atrás de mim e não respondi mais.
-Se
não se lembra, Taylor, temos um trabalho a fazer juntos. É por isso que estou
te seguindo, não tenho seu número ou endereço.
Merda!
Meu rosto ficou em chamas quando percebi que achei que ele estava dando em cima
de mim quando na verdade fazia por dever.
A
vergonha...
-Quando
a isso, eu posso fazer sozinha- Ficaria extremamente apertado para mim, mas o
queria tanto que não podia arriscar tê-lo por perto.
Jake
pareceu extremamente irritado com minha resposta e isso me surpreendeu, nunca
havia visto essa expressão furiosa em seu rosto.
-Nem
ao menos pense em fugir desta dupla, não me mato de estudar para deixar uma
pessoa fazer o meu trabalho por mim. Olha, eu sei que você não gosta de mim,
mas temos que superar isso. Você é a minha parceira pelo resto do semestre
então tem que aprender a lidar com toda essa sua raiva não explicada sobre mim-
Sua voz era séria, com a mandíbula trincada. Ele estava ofendido pela minha
resposta.
-Eu
não queria te ofender, Jake, só achei que seria melhor assim- Suspirei vendo
como ainda parecia com raiva. –Está bem, vamos fazer assim. Vamos marcar de
fazermos o trabalho em meu dormitório ás cinco horas da tarde amanhã.
-Não
vai ter problemas com a sua colega de quarto?
Dei
de ombros.
-Levando
em conta que minha colega de quarto é a minha irmã, acho que ela está de boa.
Jake
ainda não parecia estar completamente bem ainda, mas quando se despediu de mim,
parecia menos irado.
Ter
marcado com ele em meu dormitório foi algo premeditado, já que Demi estaria lá
também.
Assim
que entrei em meu quarto, a primeira coisa que vi foi que Demi estava deitada
em sua cama. Mas não estava sozinha. Nick estava lá também, a abraçando em seu
sono enquanto ela fazia seu peito de travesseiro. Ambos pareciam íntimos em
outro nível enrolados desse modo.
Nick
sinalizou para que eu ficasse quieta colocando um dedo sobre a sua boca. Ainda
que com o silêncio, Demi se mexeu em seu sono, tremulou as pálpebras até que
abrisse por fim seus olhos.
Demi
esfregou os olhos com ambas as mãos e bocejou. –Você chegou cedo hoje.
-Na
verdade, Demi, já são duas da tarde.
-Droga!
Tenho dormido demais.
-Deve
ser o remédio pra dor que o médico passou. Você comeu hoje?
-Sim,
esse aqui me forçou a comer- Demi bufou apontando pro Nick que apenas cutucou
seu braço.
Nick
parecia sonolento, me perguntei se interrompi seu sono mais cedo. –Obrigada,
Nick!
-Ele
faltou aula por minha causa.
-Eu
teria vindo aqui de um jeito ou de outro.
Demi
se aninhou mais nele, enterrando o rosto em seu ombro e Nick não percebeu que
notei, mas vi o exato momento em que ele capturou o cheiro de seu perfume em
seu cabelo. Esse era o tanto que ele gostava dela. Quase ri, ele parecia um
adolescente fazendo isso.
Nas
próximas duas horas, falei com minha mãe biológica Andrea pelo vídeo chamada.
Ela era tão extra cuidadosa que queria saber sobre todo e qualquer detalhe de
minha vida aqui na Califórnia. Eu sabia que era difícil para ela me ver tão
longe.
Minha
mãe sofreu com a separação do meu pai, e quando perdeu a minha guarda, ela se
perdeu. Nunca soube os totais detalhes de ter pedido a minha guarda, mas sabia
que foi difícil para ela entender que logo teria outra pessoa que eu poderia
enxergar como mãe. Apesar da minha mudança, nunca deixamos de nos falar, de
sermos próximas.
Por
um segundo durante essas ligações, me ressentia um pouco pela minha decisão de
mudança. Eu sentia falta do meu pai e das minhas mães. Sentia falta dos meus
amigos que ficaram para trás e até mesmo dos meus vizinhos insuportáveis. Mas a
vida era como um livro, para se ter ou ler um novo capitulo tínhamos que virar
algumas páginas, mas isso não significava esquecer.
Enquanto
estava na cozinha buscando uma latinha de Coca-Cola, meu celular apitou
sinalizando uma nova mensagem.
Meu
celular apitou, era uma mensagem de um número desconhecido:
Até amanhã, Floco de
Neve!
Não
sei como soube, mas tudo em mim disse que a mensagem era de Jake. O choque de
receber uma mensagem dele foi tão grande que nem notei o apelido.
Digitei
uma resposta.
Quem te passou meu
número?
Sua resposta chegou segundos depois.
Nina, mas isso não
importa, você teria me passado uma hora ou outra.
Indignada,
encarei o telefone. Ele era tão convencido!
-Nossa,
quem colocou essa ruga sem sua testa?
-Jake,
acredita que conseguiu meu número?
-Espera,
quem é Jake?- Demi perguntou confusa.
Percebi
que nunca o havia citado.
-Primo
de Nina, somos parceiros de trabalho.
-Meu
deus, isso é como uma fanfic se tornando realidade! Ou um filme de comédia
romântica- Gritou animada batendo as mãos.
-Nada
a ver, Demi. Não gosto nem um pouquinho dele e agradeceria se ficasse longe- Soava
mentira até mesmo em meus ouvidos.
Tanto
Nick quando Demi sorriram maliciosamente para mim.
-Taylor,
você já leu alguma fanfic?- Nick perguntou arqueando uma sobrancelha
divertidamente.
-É
dessa forma que sempre começa- Demi concluiu soando maníaca.
Olhei
irritada pra ambos.
-Não
vai acontecer nada, Jake é um problema e um galinha. Vou permanecer longe de
homens e relacionamentos.
Depois
disso nenhum dos dois tocou no assunto e fiquei aliviada. Talvez ambos
entendessem que precisava de um tempo para mim, sozinha.
Eu
não seria impulsiva e nem fraca novamente quando o assunto fosse algum homem e
meu estúpido coração super romântico.
Só
tinha que ser cuidadosa ao redor de Jake, por que mesmo eu não querendo, estava
presa a ele por um mês todo.
E
o resultado disso não poderia ser nada bom.
posta logo.
ResponderExcluirPostado ^-^
Excluir