Love me- Capitulo 4.

terça-feira, 2 de julho de 2019

TAYLOR

Ir para a faculdade não me soava nem um pouco bem aquela manhã. Além de Demi não estar bem após a ligação de seu pai e eu não querer deixa-la sozinha, ir para a aula significava que veria Jake, e não sabia o motivo, mas isso me deixava nervosa.

Ela só levantou da cama para tomar banho e comer algo. Isso era atípico dela até em seus dias mais preguiçosos. Lembrar-se de pai biológico sempre a colocava em mal estado.

Não a forcei a ir para a aula, eu sabia que a faria se sentir pior por algum motivo, então a deixei quieta. Acabei tendo que ir para aula preocupada. Afinal, tinha aquela maldita parcela de convivência. 

Mandei uma mensagem para Nick.

Demi não está mal, será que você pode ir lá tentar anima-la?

Seu telefone havia tocado mais duas vezes naquela noite e tudo o que queria saber era como ele havia conseguido o número dela.

-Quem foi que te deixou assim tão irritada?- A voz de Jake me fez pular quando me pegou de surpresa. Estava tão concentrada em meus pensamentos que não o notei próximo a mim, por pouco não deixei meu celular cair.

-Como você consegue ser tão silencioso?

-Não sou silencioso, é você quem está distraída.

Observando Jake de perto, era fácil perceber que era bonito e que sabia muito bem disso. Como um casa nova, a conquista era a sua maior arma e ele utilizava. Bastante. Seu rosto de bom menino o fazia bastante popular entre as mulheres.

Ia responder a ele quando meu celular tocou alertando uma mensagem de Nick.

O que houve? Não precisa se preocupar, eu já estava em meu caminho para lá.

Lendo essa mensagem, não pude deixar de sentir um alivio cair pelo meu corpo por saber que Demi estaria recebendo carinho e atenção para se animar. E não há nada que Nick não faria por ela. Uma pena que Demi era tão cega sobre o amor que ele nutria por ela e que ia além da amizade.

Não tinha certeza de por quanto tempo Nick iria manter seu romance platônico. Mas eu tinha certeza absoluta de que quando ele desistisse, minha irmã com certeza sentiria o peso de não tê-lo inteiramente em sua vida como agora.

-Taylor, você está bem? Está produzindo aqueles sinais de nervosismo- Jake me puxou de volta para sua conversa.

Arquei minha sobrancelha confusa. -Sinais de nervosismo?

-Sim, você sacode as pernas e mexe no cabelo. Uma distração para longe de si mesma.

-Você está me observando?- Perguntei chocada por ele conhecer as minhas manias.

Quando sorriu para mim, senti que me desfaleci por dentro. –Só vamos dizer que não dói te observar, e você fica completamente linda quando está concentrada em algo deste jeito. Bem, mais do que o normal.

Tentei disfarçar o quanto mexeu comigo rolando os olhos e fazendo careta. –Você é doente.

Ele riu e eu o ignorei.

Em alguma hora da aula, reparei que Jake se movia muito ao meu lado e parei para observar o que fazia. Ele estava conversando –se é que isso era possível, com uma garota morena com o batom vermelho mais chamativo que já havia visto, e olha, combinava com a cor de sua blusa.

Jura? Eles não podiam esperar até a aula ser finalizada?

O professor seguia falando algo sobre coagulação e eu não estava nem ao menos prestando atenção. Desliguei a mim mesma de Jake e até mesmo da aula, rabiscando coisas em meu diário.

Adorava escrever, e pensava que nunca queria perder o modo como me sentia em determinado momento. Escrever sobre isso me faria recordar depois.

Pulei quando Jake novamente sussurrou em meu ouvido. –Você escreve poemas?

-Dá pra parar de me assustar? Olha, tem outras dezenas de garotas que adorariam a sua atenção, vai dá-las a elas.

-Outras? Então quer dizer que está inclusa também?- Falou com um sorriso lascivo.

-Só nos seus sonhos mais selvagens- Bufei.

Minhas respostas a ele me deixavam surpresas comigo mesma. Nunca havia sido rude desta forma com ninguém antes. O culpado era Jake.

-Isso de ler por cima do meu ombro é irritante. Não faça isso novamente- E me levantei de minha cadeira quando bateu o sino.

Seus olhos negros continuaram a me observar, eu sabia porque a queimadura ainda estava ali. 

Em algum ponto, olhei fracamente para trás e ele estava falando com a morena. Ambos íntimos como se fossem ficantes de décadas, encontrados um no outro. Lembrando a mim mesma os motivos pelo qual Jake era uma má noticia.

Mesmo parando para flertar, ele ainda me alcançou quando estava saindo do campus.

-Por que está tão irritada?

-Não sei, talvez porque tem um idiota me seguindo.

-Uau, você realmente me odeia- Ele fechou os olhos pesadamente e mordeu o lábio inferior como se pensasse em algo.

Ignorei que ele continuava andando logo atrás de mim e não respondi mais.

-Se não se lembra, Taylor, temos um trabalho a fazer juntos. É por isso que estou te seguindo, não tenho seu número ou endereço.

Merda! Meu rosto ficou em chamas quando percebi que achei que ele estava dando em cima de mim quando na verdade fazia por dever.

A vergonha...

-Quando a isso, eu posso fazer sozinha- Ficaria extremamente apertado para mim, mas o queria tanto que não podia arriscar tê-lo por perto.

Jake pareceu extremamente irritado com minha resposta e isso me surpreendeu, nunca havia visto essa expressão furiosa em seu rosto.

-Nem ao menos pense em fugir desta dupla, não me mato de estudar para deixar uma pessoa fazer o meu trabalho por mim. Olha, eu sei que você não gosta de mim, mas temos que superar isso. Você é a minha parceira pelo resto do semestre então tem que aprender a lidar com toda essa sua raiva não explicada sobre mim- Sua voz era séria, com a mandíbula trincada. Ele estava ofendido pela minha resposta.

-Eu não queria te ofender, Jake, só achei que seria melhor assim- Suspirei vendo como ainda parecia com raiva. –Está bem, vamos fazer assim. Vamos marcar de fazermos o trabalho em meu dormitório ás cinco horas da tarde amanhã.

-Não vai ter problemas com a sua colega de quarto?

Dei de ombros.

-Levando em conta que minha colega de quarto é a minha irmã, acho que ela está de boa.

Jake ainda não parecia estar completamente bem ainda, mas quando se despediu de mim, parecia menos irado.

Ter marcado com ele em meu dormitório foi algo premeditado, já que Demi estaria lá também.

Assim que entrei em meu quarto, a primeira coisa que vi foi que Demi estava deitada em sua cama. Mas não estava sozinha. Nick estava lá também, a abraçando em seu sono enquanto ela fazia seu peito de travesseiro. Ambos pareciam íntimos em outro nível enrolados desse modo.

Nick sinalizou para que eu ficasse quieta colocando um dedo sobre a sua boca. Ainda que com o silêncio, Demi se mexeu em seu sono, tremulou as pálpebras até que abrisse por fim seus olhos.

Demi esfregou os olhos com ambas as mãos e bocejou. –Você chegou cedo hoje.

-Na verdade, Demi, já são duas da tarde.

-Droga! Tenho dormido demais.

-Deve ser o remédio pra dor que o médico passou. Você comeu hoje?

-Sim, esse aqui me forçou a comer- Demi bufou apontando pro Nick que apenas cutucou seu braço.

Nick parecia sonolento, me perguntei se interrompi seu sono mais cedo. –Obrigada, Nick!

-Ele faltou aula por minha causa.

-Eu teria vindo aqui de um jeito ou de outro.

Demi se aninhou mais nele, enterrando o rosto em seu ombro e Nick não percebeu que notei, mas vi o exato momento em que ele capturou o cheiro de seu perfume em seu cabelo. Esse era o tanto que ele gostava dela. Quase ri, ele parecia um adolescente fazendo isso.

Nas próximas duas horas, falei com minha mãe biológica Andrea pelo vídeo chamada. Ela era tão extra cuidadosa que queria saber sobre todo e qualquer detalhe de minha vida aqui na Califórnia. Eu sabia que era difícil para ela me ver tão longe.

Minha mãe sofreu com a separação do meu pai, e quando perdeu a minha guarda, ela se perdeu. Nunca soube os totais detalhes de ter pedido a minha guarda, mas sabia que foi difícil para ela entender que logo teria outra pessoa que eu poderia enxergar como mãe. Apesar da minha mudança, nunca deixamos de nos falar, de sermos próximas.

Por um segundo durante essas ligações, me ressentia um pouco pela minha decisão de mudança. Eu sentia falta do meu pai e das minhas mães. Sentia falta dos meus amigos que ficaram para trás e até mesmo dos meus vizinhos insuportáveis. Mas a vida era como um livro, para se ter ou ler um novo capitulo tínhamos que virar algumas páginas, mas isso não significava esquecer. 

Enquanto estava na cozinha buscando uma latinha de Coca-Cola, meu celular apitou sinalizando uma nova mensagem.

Meu celular apitou, era uma mensagem de um número desconhecido:

Até amanhã, Floco de Neve!

Não sei como soube, mas tudo em mim disse que a mensagem era de Jake. O choque de receber uma mensagem dele foi tão grande que nem notei o apelido.

Digitei uma resposta.

Quem te passou meu número?

Sua resposta chegou segundos depois.

Nina, mas isso não importa, você teria me passado uma hora ou outra.

Indignada, encarei o telefone. Ele era tão convencido!

-Nossa, quem colocou essa ruga sem sua testa?

-Jake, acredita que conseguiu meu número?

-Espera, quem é Jake?- Demi perguntou confusa.

Percebi que nunca o havia citado.

-Primo de Nina, somos parceiros de trabalho.

-Meu deus, isso é como uma fanfic se tornando realidade! Ou um filme de comédia romântica- Gritou animada batendo as mãos.

-Nada a ver, Demi. Não gosto nem um pouquinho dele e agradeceria se ficasse longe- Soava mentira até mesmo em meus ouvidos.

Tanto Nick quando Demi sorriram maliciosamente para mim.

-Taylor, você já leu alguma fanfic?- Nick perguntou arqueando uma sobrancelha divertidamente.

-É dessa forma que sempre começa- Demi concluiu soando maníaca.

Olhei irritada pra ambos.

-Não vai acontecer nada, Jake é um problema e um galinha. Vou permanecer longe de homens e relacionamentos.

Depois disso nenhum dos dois tocou no assunto e fiquei aliviada. Talvez ambos entendessem que precisava de um tempo para mim, sozinha.

Eu não seria impulsiva e nem fraca novamente quando o assunto fosse algum homem e meu estúpido coração super romântico.

Só tinha que ser cuidadosa ao redor de Jake, por que mesmo eu não querendo, estava presa a ele por um mês todo.

E o resultado disso não poderia ser nada bom.

  Continua...

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