(Parte 1) Mini- Fic: Back to December.

quinta-feira, 27 de junho de 2013




"I'm so glad you made time to see me
How's life? Tell me, how's your family?
I haven't seen them in a while
You've been good; busier than ever
We small talk, work in the weather
Your guard is up and I know why
Cause the last time you saw me
Still burns in the back of your mind
You gave me roses and I left them there to die"

 Era tão estranho estar de volta ao lugar em onde nasci e cresci. Tudo era tão familiar, que chegava a ser doloroso de tanta saudade que sentia. E era tão bom dizer que eu estava de volta, mesmo que sendo por um período curto.
  Ao meu lado, no banco do carona, meu celular vibrou com uma ligação rápida que não deu tempo de atender e logo em seguida uma mensagem. Olhei cautelosamente para a tela tentando ler com cuidado enquanto dirigia. Era uma mensagem da minha mãe dizendo para avisar quando chegar. Com atenção extra na estrada quase vazia, mandei uma mensagem de áudio informando já estar na cidade.
 Seria a primeira vez em dois anos a ver a minha mãe sem ser por telas de computadores ou de celulares e eu mal podia esperar. Era muito tempo! Não sei como havia aguentado ficar longe da minha família dessa forma.
  A cidade tinha uma mistura de verde e vermelho amarelado graças ao outono e eu amava tanto. Avistei pessoas conhecidas enquanto passava pela praça principal.  Meu coração se encontrava apertado em antecipação só de pensar que eu iria reencontrar a todos, todos mesmo. Inclusive ele.
  Vivi os últimos dois meses em uma corrida louca, no qual me empenhei muito para conseguir ao menos participar e sair da largada. Consegui me destacar na faculdade pelas ótimas notas, arrumei um emprego, fiz amizades e aluguei um apartamento, um ótimo investimento para sair do campus. Só havia um problema, com a imensa distancia da minha cidade natal para Nova York, não era exatamente fácil vir aqui com frequência e em todos os feriados. Então eu tinha que esperar os mais longos e mais baratos.
  O vento fresco do interior chicoteou o meu cabelo loiro diretamente para o meu rosto e eu sorri involuntariamente. Era impossível que na grande cidade tivesse um ar igual a essa, lá era o lar da poluição, e para mim, uma garota que nasceu e cresceu em um interior havia sido difícil me acostumar com a cidade grande.
  Era quase estranho estar de volta, era como se eu não me encaixasse.
  Avistei a minha casa perto da colina e sorri mais ainda. Minha casa era gigantesca e com a pintura branca descascada familiar, havia um balanço na frente da casa pendurado em uma árvore e um protetor indígena de sonhos pendurado acima da porta. As janelas estavam abertas, eram seis ao todo, contando os dos quartos e eram marrons com cortinas brancas que balançavam com o vento.
  Parei o carro na porta e ouvi o grito de todos:
  Ela chegou!
  A felicidade me contagiou.
  Minha mãe Andrea foi a primeira pessoa que eu avistei saindo da casa para me ver, me fazendo imediatamente sair do carro apenas parando para desligar o som.
  -Mamãe!- Gritei correndo para abraça-la. Ela era centímetros mais baixa que eu, rechonchuda e tinha a pele pálida e cabelo loiro curto.
  Logo em seguida, me vi rodeada de braços. Meu pai Scott, minha avó Marjorie e o meu irmão Austin.
  Meu irmão bagunçou o meu cabelo e eu dei risada, já chorando de emoção.
  -Você está muito magra!- Minha mãe me censurou com seus olhos avaliando cada centímetro de minha estatura magra e alta.
  -Que saudades de você também, mamãe.- Falei rindo antes de protestar –Você sabe que eu nunca fui nada além de magra.
  -Fora que Nova York não tem uma tão boa comida quanto a sua.
  Todos riram.
  Olhei para o meu irmão que era apenas dois anos mais novo que eu. Ele estava definitivamente maior e havia mudado muito nos últimos anos.
  -Nossa, como você cresceu! Como vou te chamar agora? Tampinha não ser mais, muito menos pirralho.- Gargalhei. Meu irmão sempre foi menor que eu, e agora ele estava me ultrapassando.
  Notei alguém na soleira da porta. Era ele.
  Parei de rir imediatamente com o nervoso fazendo meu estômago dar nós enquanto ele me observava com descaramento incansável.
  Ele caminhou até mim e me cumprimentou envergonhado, como se não soubesse o que fazer. Éramos dois nesse quesito e eu quase me sentia uma criança confusa sobre algo que deveria ser simples a um adulto. Então resolvi seguir meu instinto e o abracei. Não ia perder a oportunidade de fazer o que mais queria nesses últimos dois anos.
  Jake pareceu surpreso quando eu saí da cidade, ambos estávamos magoados e irritados um com o outro. Porém durante esse tempo, percebi que tudo havia sido meio idiota. Tínhamos nos magoado atoa.
  Era bom abraça-lo, parecia quase natural o modo como minha cabeça se pendurava em seus ombros e como ele enlaçava a minha cintura fina com os seus braços. Era quase como se nada tivesse mudado. E eu desejei por um momento, que não tivesse.
  -Oi- Respondi sorrindo novamente. Era impossível não ter essa reação vendo o homem pelo qual fui apaixonada a vida toda. Meu melhor amigo e primeiro amor.
  Sentindo o cheiro dele novamente e a falta que ele havia deixado e que só agora eu havia percebido.
  Meu irmão limpou a garganta e ambos nos soltamos imediatamente, o fazendo rir.
  -Não parem, só porque estamos aqui- Austin disse gargalhando enquanto eu corava.
  Isso fez Jake rir, me dando tempo para avalia-lo e perceber que ele também havia crescido mais e estava bem mais musculoso, sua pele morena ficava em contraste com os seus olhos castanhos quase pretos.
  Se havia uma coisa que não tinha mudado era o seu doce sorriso.
  Antes que me desse conta, a minha mãe já estava me fazendo entrar em casa como se eu pudesse ir embora a qualquer momento e me encheu de perguntas que iam até ao como o que eu estava comendo á quem eram as pessoas que eu conhecia em Nova York. Eu respondia e ás vezes eles davam risada das trapalhadas que eu havia cometido lá.
  -Eu tenho uma melhor amiga lá e seu nome é Nina, dividimos o apartamento- Só queria ver a cara da minha mãe quando visse o cabelo vermelho gigantesco da Nina. Em uma cidade pequena, coisas assim eram incomuns.
  -E os garotos?- Minha mãe perguntou e eu fiquei desconcertada. Jake estava ali a poucos metros de mim como uma fina camada de ar. –Você havia dito que iria trazer um menino à semana passada e depois não o mencionou mais, aconteceu algo?
  De repente eu fiquei em duvida porque sabia que joguinhos eram ruins. Jake era tão bonito e doce, devia ter uma namorada e quando em Nova York, eu costumava pensar muito nisso. Nunca consegui seguir em frente, mas eu não estou dizendo que não houve outros garotos depois dele. Mesmo que não tivesse sido a mesma coisa. Eu não iria dizer que não estava solteira só para feri-lo. Ele poderia nem ligar mais.
  E isso sinceramente doía.
  -Hum... nós terminamos um pouco antes de eu vir para cá.- Esperei ela me fazer outra perguntando envolvendo o meu ex namorado babaca e eu realmente não queria falar sobre isso.   
  -Como é o seu apartamento? Aqueles papéis de paredes horríveis que a mamãe te deu ainda estão lá?- Austin perguntou tentando mudar de assunto e olhei para ele agradecida.
  -Não são horríveis!- Mamãe protestou parecendo abalada pelo comentário do filho.
  -Mamãe, eles ainda estão lá- Também parti em defesa dos meus fofos papéis de parede. - E eles são lindos!- Fiz careta para ele. Os papéis de parede eram um de gatinhos lindos pretos que lembravam os de bruxas de um modo não sombrio e outros de pequenas flores. A cor era azul e estavam por todo o meu quarto.
  -Por falar em gatos, onde está a Meredith?- Perguntei entusiasmada procurando ao redor.
  Senti algo macio passar por entre meus pés assim que terminei de falar seu nome e sorri para a bolinha de pelos que era a minha gatinha Meredith. Capturei ela embalando-a em meus peitos.
  -Eu senti a sua falta- Falei abraçando o emaranhado de pelos e aliviada por ela não me arranhar.
  Depois disso, conduzi toda a conversa porque todos me perguntavam sobre a minha vida na grande cidade. Toda vez que lançava uma pergunta a alguém, era interrompida por ondas curiosas que vinham de todas as partes.
  -Eu acho que já vou indo- Disse Jake já à noite, ele esteve muito calado o tempo todo apenas escutando o que dizem e me olhando quando achava que eu não percebia. Depois da menção do meu ex namorado, não tentou se aproximar de mim novamente e eu quase me senti culpada.
  Nem sabia por que diabos eu me sentia assim.
  Uma vez havíamos prometido que “nós” seriamos para sempre. Talvez essa fosse a sensação do primeiro amor. Como se mesmo separados, sempre estivéssemos ligados e eu com certeza, nunca teria outro Jake em minha vida. Ele era absurdamente e fabulosamente único.
  -Eu te acompanho até a porta- Disse carinhosamente tentando quebrar o gelo com um sorriso doce. Minha família calada resolver sumir e me deixar a sós com ele.
  -Tudo bem- Ele assentiu sorrindo me fazendo derreter.
  O jeito como nos movíamos um do lado do outro era meio nervoso. Como se qualquer movimento que houvesse entre nós pudesse quebrar tudo o que tínhamos ou o que já não tínhamos mais. Era uma linha frágil, trêmula. E eu com certeza não queria vê-la partir novamente.
  -Então... - Tentei puxar assunto e cortar o clima silencioso. -Está meio frio hoje!
  Está bem, eu não era boa em puxar assunto.
 -Sempre foi!- Ele estava absorvido em seus pensamentos, e eu estava meio excluída ali. -Você deve ter se acostumado à Nova York.
 -Lá também é bastante frio, acho que aqui é um inferno comparado ao frio de Nova York- Isso o fez rir e eu fiquei orgulhosa desse feito.
  Jake sempre dava risada das minhas piadas sem graça, mesmo quando ninguém dava. Isso era tão bom, tão reconfortante.
   -Aqui é um inferno de qualquer jeito- Ele estava na defensiva, mas eu sabia o motivo.
  -Como vai à vida? Dois anos literalmente muda bastante coisa- Perguntei tentando soar bem casual e tranquila, quando na verdade estava morrendo de vontade de saber e estava quase pulando nele. Tentei caminhar mais devagar até a casa dele para dar tempo de perguntar tudo o que queria.
  Seus olhos escureceram e ele pareceu ficar com raiva, algo novo sobre ele. Jake não ficava com raiva, pelo menos não comigo.
  -Você sabe que não precisa me levar até a porta de casa, não é? Está escuro.
  Eu o ignorei e perguntei outra coisa:
  -Como está a sua família? Faz tanto tempo que não os vejo, somente a sua mãe quando falo com minha mãe pelo Skype.
  -Eles estão bem- Foi tudo o que ele respondeu antes de continuar e arrancar o meu coração para fora. –Taylor, você não pode simplesmente aparecer e fingir que ainda somos melhores amigos, não depois do que aconteceu. Não estou mais bravo, mas algo definitivamente não está bem.
  Eu franzi o nariz. Ficar em guerra não era bom, não era legal e queria muito acabar com esse clima chato de magoas.
 -Eu sei, eu só... - Não sabia o que dizer ou como agir. –Acho melhor eu voltar.
  Fiquei completamente desapontada e ele sentiu isso, porque me olhou com seus olhos pretos perdidos. Quase sem saber o que fazer também. Com a vida, já aprendi que às vezes coisas simples fazem uma grande diferença e quando algo muda muito, pode se tornar irreversível. Eu não podia forçar algo que não existia mais e não podia força-lo a fingir estar bem.
  Observei seu rosto por mais tempo novamente relembrando cada traço de seu rosto e me derramando em saudades, pensando no quando era bom apenas de tudo e desistindo daquela situação tão cansativa mentalmente, e me virei indo embora. De volta para casa, para longe dele com milhares de barreiras emocionais e solidas entre nós.
  Eu quase imaginei ouvi-lo dizer um:
 Sinto muito.
  Foi um momento breve de alucinação. Eu queria muito algo que não iria ter de volta.
Caminhei novamente até a minha casa sozinha e com mais frio do que havia sentido antes. Deixei-o lá parado em sua porta, mesmo sabendo que estava me observando partir exatamente como havia feito antes. Talvez fosse inevitável, apesar de tudo. Estávamos destinados a o fracasso e respirando fundo, percebi que a culpa não havia sido completamente minha pelo rompimento

  Continua.

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