Poesia viva.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018


Eu estava olhando para ela.

Como uma poesia viva, soando por entre aquelas paredes, como o sol brilhando na escuridão do infinito, ela sorriu para mim. Como se eu importasse, como se fosse alguém, aquecido e querido. Algo em mim se estendeu, se fixou e virou um amontoado de sensações borbulhantes que me fizeram ressoar como parte de algo bonito. Ela me fez querer ser parte de algo maior que mim mesmo. Fazendo com que eu esquecesse que era tudo menos um formato inteiro de algo. Fui tudo o que nunca seria, e me senti qualquer coisa, menos tudo o que era. Seria isso bom ou ruim?

Tudo ficava bem quando ela sorria, mesmo que eu não pudesse respirar. Mesmo que segurasse todos os meus pensamentos para mim quando segurava a sua mão e respirava fundo, tentando freiar as sensações que me dominavam. Não consigo respirar.

Não consigo respirar.

Ela estava olhando para mim.

Mas ela nunca estaria me enxergando.

Não quando eu me transformava em algo que não existia para que pudesse caber nela.

Mas ela nunca me caberia. Eu só não sabia disso ainda.

Talvez ela também nunca soube.


Esse texto é antigo, foi postado no social spirit e deve ter sido escrito entre 2016/2018. Gosto como ele é pessoal, porque estou escrevendo sobre uma pessoa que nunca mais vai ler meus textos (já disse algo sobre isso antes) e sentir sua falta não dói mais. Todos os meus sentimentos eram novos, e nunca chegaram a fase madura, então viraram mais palavras (a datação de um acontecimento) de lembranças do que de sentimentos das lembranças. 

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