21 anos.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

Seria estranho se eu dissesse que nunca na vida parei para me imaginar com essa idade antes até este momento estar realmente acontecendo? Talvez porque nunca imaginei que chegaria realmente a essa idade em minha mente. Pelo menos nunca me imaginei como estou neste momento. Nem tudo saiu até agora como eu queria, enquanto outras coisas que eu não queria deram muito certo e acabaram se tornando minhas novas metas. Nunca pensei que aos 21 anos estaria em uma faculdade, pegando milhares de ônibus por dia (quatro no total se não fizer qualquer desvio), estagiando na área e pagando minhas próprias contas (mesmo que não com meu dinheiro -rindo de nervoso). Esse é o tão sonhado mundo dos adultos? Não é tão impressionante assim, mas ao mesmo tempo tem sua própria essência instigante. Ainda não sei como agir completamente estando inserida neste mundo e as vezes em minha mente me pergunto "uma pessoa adulta faria tal coisa?" ai tenho certeza que não (risos de desespero agora), entretanto acabo fazendo de qualquer forma. Não aprendi metade das coisas que pensei que saberia a esse ponto e sinto que não estou completamente preparada pras situações que passo, mas quem está? Somos apenas Daseins nessa vida. Contemplo hoje a felicidade de estar viva, a felicidade de poder experimentar tanto as alegrias quanto as tristezas da vida, de não ter desistido e por ter me dado oportunidades.

Eu estou viva, em constante mudança e agora com 21 anos temporariamente!

Que seja uma boa idade. Um bom tempo. Boas experiências.


Poesia viva.


Eu estava olhando para ela.

Como uma poesia viva, soando por entre aquelas paredes, como o sol brilhando na escuridão do infinito, ela sorriu para mim. Como se eu importasse, como se fosse alguém, aquecido e querido. Algo em mim se estendeu, se fixou e virou um amontoado de sensações borbulhantes que me fizeram ressoar como parte de algo bonito. Ela me fez querer ser parte de algo maior que mim mesmo. Fazendo com que eu esquecesse que era tudo menos um formato inteiro de algo. Fui tudo o que nunca seria, e me senti qualquer coisa, menos tudo o que era. Seria isso bom ou ruim?

Tudo ficava bem quando ela sorria, mesmo que eu não pudesse respirar. Mesmo que segurasse todos os meus pensamentos para mim quando segurava a sua mão e respirava fundo, tentando freiar as sensações que me dominavam. Não consigo respirar.

Não consigo respirar.

Ela estava olhando para mim.

Mas ela nunca estaria me enxergando.

Não quando eu me transformava em algo que não existia para que pudesse caber nela.

Mas ela nunca me caberia. Eu só não sabia disso ainda.

Talvez ela também nunca soube.


Esse texto é antigo, foi postado no social spirit e deve ter sido escrito entre 2016/2018. Gosto como ele é pessoal, porque estou escrevendo sobre uma pessoa que nunca mais vai ler meus textos (já disse algo sobre isso antes) e sentir sua falta não dói mais. Todos os meus sentimentos eram novos, e nunca chegaram a fase madura, então viraram mais palavras (a datação de um acontecimento) de lembranças do que de sentimentos das lembranças.