Sempre pensei
que os meus quinze anos seriam ótimos, e eu costumava sonhar com isso quando era mais nova. Haveria uma grande comemoração com amigos que me desejariam feliz
aniversário, e até nos meus mais loucos sonhos, um garoto que me amasse. Mas nunca pensei que passaria sozinha.
Ninguém se
lembrava do meu aniversário, e eu não falava com as minhas (ex) melhores amigas
há uns seis meses e sentia falta dela e bem, tinha um garoto... mas como sempre
era complicado. Era só minha mãe, minhas duas irmãs e eu. Meu pai estava trabalhando bastante e não chegaria em casa até que fosse tarde.
- Feliz
aniversário!- Mamãe me disse quando acordei pela manhã. Eu havia chorado até dormir, mas ela não precisava saber disso.
-Obrigada!- Forcei um sorriso e a abracei. Deixei que seu conforto aquecesse meu coração e me fizesse sentir melhor.
-Quinze anos, hein? É um grande marco- Ela falou sugestivamente, como se quisesse saber de algo. Às vezes minha
mãe era evasiva e me instigava a falar sobre certos assuntos que era curiosa sobre.
-Sim.- Dei uma
resposta curta para evitar ter que dizer algo, ou conversarmos algo constrangedor como sexo. Eu nem havia sequer beijado ainda. Pelo menos no meu aniversário não queria fazer papel de boba ou ficar
envergonhada.
-Parabéns-
Ela falou sorrindo largamente para mim. A
abracei de novo, apreciando do carinho.
-Vai para
algum lugar?- Ela perguntou.
Sabia que sua pergunta na verdade era: seus amigos virão aqui, ou você sairá com eles?
Ela ficaria tão triste e desapontada se soubesse como eu tinha afastado a todos em curto período de tempo. Não que fosse completamente a minha culpa, mas as vezes sentia que a adolescência estava drenando o máximo de mim.
-Não, mas eu
vou dar uma volta de bicicleta por aí. Tem algum problema?- Perguntei sabendo
que não.
- Claro que
não- Minha mãe sorriu e saiu para me dar à privacidade que
eu certamente precisava.
Trinta minutos
depois, eu estava vestida e arrumada. Sorri no espelho e fui para fora da minha
casa e peguei a minha velha bicicleta roxa, com um fone no ouvido escutando a
música begin again da Taylor Swift.
Às vezes o
para sempre, sempre acaba. Eu tinha que me acostumar com adeus, sem ficar
triste sobre. Eu me sentia abandonada, jogada de lado e esquecida.
O dia estava
ensolarado e calmo. O vento bagunçou os meus cabelos pretos que se encontravam
soltos, lembrei-me que tinha uma praia por perto. Tudo o que eu queria era
molhar os meus pés enquanto caminhava pela praia, ou sentar na areia e ouvir o
barulho das ondas.
Ironicamente
a música mudou e logo começou a tocar fifteen
que também era da Taylor Swift.
Franzi a
testa, coloquei a minha bicicleta em seu devido local e assim que me
certifiquei de que estava seguro, me dirigi à praia. Eu estava de sandália,
então sendo assim, as tirei e levei-as na mão para andar pela praia descalça.
Assim que me
cansei, me escorei em uma árvore e fiquei ali só ouvindo música e sentindo o
vento chicoteando meus cabelos e me refrescando quando o calor reinava.
Estiquei os
pés e ouvi um baque em seguida. Merda!
Eu havia derrubado um
garoto.
-Desculpa!
Você está bem?- O ajudei a levantar e vi que era Cameron, o menino do segundo
ano da minha escola. Ele era muito gato, e eu havia derrubado ele. Ops... Era
oficial, além de azarada, eu era idiota. Havia acabado de derrubar o menino que gostava.
Ele me
olhou, analisando minha fisionomia com os seus lindos olhos castanhos. Fiquei intrigada com a
sua expressão e com o sorriso que ele me deu em seguida.
- Estou bem,
e você?- Ele perguntou muito educado para alguém que eu praticamente havia
enterrado vivo com areia da praia. -Te machuquei?
-Nem um pouco-
Sorri. -Desculpa ter te atropelado dessa forma, sou uma desastrada.
-Você se
chama Avery, não é? Já te vi na escola- Cameron perguntou- Você é do... primeiro ano.
-Sim, fico surpresa que lembrou de mim- Meu rosto queimava tanto, que até eu conseguia ver meu rubor.
-Não se é fácil esquecer você-Sorriu para mim. - Meu nome é Cameron.
Sorri de volta, sentindo pela primeira vez que foi realmente fácil realizar este feito. -Eu sei, você também não é fácil de se esquecer.
Percebendo a devolução da brincadeira, seu rosto se iluminou. -O que faz sozinha na praia?
-Na verdade, só admirando e passando o tempo- Dei de ombros, não havia necessidade de lhe dizer que
era o meu aniversário.
-Então... posso me juntar a você?- Ele sorriu docemente. Concordei com a cabeça.
Durante o resto da tarde, conversamos, rimos e eu sorri tanto que meu rosto estava dolorido. Na hora de ir embora, parecia não querer me deixar ir assim como não queria que ele fosse, então trocamos números e conversamos até dormir. E ansiosa para as aulas no dia seguinte, para vê-lo novamente.
É, talvez
estar fazendo quinze anos não fosse tão ruim. Claro que com o tempo eu
superaria tudo, e iria fazer novos amigos. Talvez uns que não me abandonasse
de forma tão fácil. Pelo menos eu havia feito um amigo novo, e um que eu não sabia naquele momento, mas viraria algo mais, tão mais. Afinal sempre começa com a amizade.
Eu só tinha
que me acostumar com novos sentimentos e novas formas de dor, novas formas de
perda. Mas afinal, era assim que era crescer.
Fim